A palavra bruzundanga remete a palavreado confuso, algaravia, mixórdia, barafunda, ninharia, coisa de pouca serventia. É a partir dessa brincadeira que Lima Barreto coloca a nu a elite medíocre da Primeira República, criando um país fictício, Bruzundanga, na primeira metade do século XX, onda há problemas sociais, econômicos e culturais, excessiva concentração de renda por uma elite e a corrupção, o nepotismo e o racismo prevalecem.
Publicado postumamente, este livro é o diário de viagem de um brasileiro que morou uns tempos em Bruzundanga, uma jovem república que lutava num ambiente de decadência da escravatura, embora ainda persistisse o predomínio dos grupos de fazendeiros. Os Bruzundangas é um livro que merece um lugar de honra na estante do leitor, permanecendo atual e mostrando que pouco mudou um século depois de ser escrito.
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881 no Rio de Janeiro e faleceu em 01 de novembro de 1922, também no Rio de Janeiro. Descendente de escravos, sentiu na pele a exclusão social devido à sua origem, inclusive nos meios acadêmicos. Além do alcoolismo, enfrentou diversos problemas de saúde em sua vida e foi internado em hospício por mais de uma vez. Jornalista e escritor brasileiro da fase pré-modernista da literatura, publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta obra em periódicos anarquistas do início do século XX.