Iracema teve sua primeira publicação em 1865 e figura até hoje entre as principais obras literárias brasileiras. Faz parte da primeira fase do romantismo brasileiro, conhecida como Indianismo, em que aspectos históricos, nacionalistas e indígenas são exaltados.
É por meio do enlace amoroso entre a índia Iracema, a virgem dos lábios de mel, representante do povo nativo ameríndio, e o português Martim Soares Moreno, colonizador português do século XVI, que José de Alencar constrói essa narrativa.
Iracema pertence ao povo tabajara e é a filha virgem do pajé. Martim é aliado dos pitiguaras, inimigos dos tabajaras, e está perdido em território inimigo. O encontro entre os dois dá início a um romance. Martim e Iracema se apaixonam e passam a viver um amor proibido, migrando para uma cabana afastada da tribo. Do resultado desse amor nasce Moacir, simbolicamente não só o primeiro cearense, como também o primeiro brasileiro, o primeiro mestiço, o primeiro indígena, fruto da relação de uma índia com um branco. Iracema é descrita como corajosa, honesta, generosa, casta e pura, símbolo do amor e da maternidade. Literariamente importante para todo o país, o romance foi ainda mais marcante e fundamental para a história do Estado do Ceará.
José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana - Ceará, em 1º de maio de 1829 e morreu de tuberculose, no dia 12 de dezembro de 1877. Foi romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Chegou a ser deputado e ministro da Justiça. Na carreira política, foi notória a sua tenaz defesa da escravidão quando ministro da Justiça do segundo reinado. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal romancista brasileiro da fase romântica. Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Batalhou por grandes esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. É o patrono da cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Machado de Assis, que foi seu primeiro ocupante.