Este volume inclui três peças de Júlia Lopes de Almeida. O leitor irá conhecer a obra teatral desta autora fundamental da literatura brasileira em um drama, um episódio bíblico e uma comédia. São peças pequenas, em um ato, que mostram o talento de Júlia para escrever um texto rico e que prende os leitores.
A Herança é uma peça em um ato, de 1909, que narra a vida na casa de uma família de posses, onde as primas Rita e Bemvinda conversam sobre as possibilidades de casamento, num jantar que será oferecido mais tarde, enquanto a cunhada de Rita, Elisa, víuva do irmão da moça, é tratada como uma simples empregada, que todos consideram interesseira por ter casado com um homem rico, em busca de sua herança, que só será revelada no desfecho.
Nos jardins de Saul narra um episódio bíblico em um ato, publicado em 1917. Conta a história de Zagala, uma jovem que invade e rouba as frutas dos jardins de Saul, sendo perseguida por Siba e seus guardas para a levarem a julgamento, o que poderia resultar em sua morte. Ela é protegida e fica escondida com um grupo de servas que trabalham próximo aos jardins. Surge David, o guerreiro que matou Golias, e também Merob, filha do Rei Saul. A zagala, que significa rapariga, diz que eles a podem entregar, pois sempre esteve sozinha e não tem nada a perder. Mas um final inesperado lhe trará novas esperanças.
O livro termina com Doidos de Amor, uma comédia em um ato, publicada em 1917. Narra a história de Joana e Antero, que são prometidos em casamento sem nunca se conhecerem. Os dois se encontram na casa de Jaime e Branca, a melhor amiga de Joana. Jaime é especialista em tratar de loucos. Sem saber, Joana e Antero se conhecem e desconfiam da loucura um do outro. Enquanto conversam, descobrem paixões em comum, mas o medo de estar falando com um louco os deixa ressabiados.
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi a maior escritora da literatura brasileira na virada do século XIX para o século XX. Tendo publicado mais de 40 obras, incluindo romances, contos, crônicas e peças de teatro, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, não tendo entrado por ser mulher. Sua obra está sendo redescoberta e hoje Júlia é analisada por pesquisadores de dezenas de universidades no Brasil e no mundo, resgatando seu lugar como a maior romancista brasileira numa época em que praticamente só homens escreviam.